terça-feira, 6 de maio de 2014

Tarefas do módulo 9 - Modernismo







  • Na literatura (revistas literárias) 

Revista Orpheu (Orphismo)

Os únicos dois números de Orpheu - Revista Trimestral de Literatura, lançados em Março e Junho de 1915, marcaram a introdução do modernismo em Portugal. Tratava-se de uma revista onde Mário de Sá-Carneiro, Almada Negreiros e Fernando Pessoa, entre outros intelectuais de menor vulto, subordinados às novas formas e aos novos temas, publicaram os seus primeiros poemas de intervenção na contestação da velha ordem literária; o primeiro número provocou o escândalo e a troça dos críticos, conforme era desejo dos autores; o segundo número, que já incluiu também pinturas futuristas de Santa-Rita Pintor, suscitou as mesmas reações. Perante o insucesso financeiro, a revista teve de fechar portas, pois quem custeava as publicações era o pai de Mário de Sá Carneiro e este cometeu suicídio em 1916. No entanto, não se desfez o movimento organizado em torno da publicação. Pelo contrário, reforçou-se com a adesão de novos criadores e passou a desenvolver intensa atividade na denúncia inconformista da crise de consciência intelectual disfarçada pela mediocridade acadêmica e provinciana da produção literária instalada na cultura portuguesa desde o fim da geração de 70, de que Júlio Dantas (alvo do Manifesto Anti- Dantas, de Almada) constituía um bom exemplo.




O modernismo:

O modernismo em Portugal desenvolveu-se aproximadamente no início do século XX até ao final do Estado Novo, na década de 1970.
O início do Modernismo Português ocorreu num momento em que o panorama mundial estava muito conturbado. Além da Revolução Russa de 1917, no ano de 1914 eclodiu a Primeira Guerra Mundial.




                                  



  • “Na pintura (Amadeo de Sousa Cardoso ; Santa Rita Pintor ; Almada Negueiros…)

José Sobral de Almada Negreiros - GOSE (TrindadeSão Tomé e Príncipe7 de Abril de 1893 — Lisboa15 de Junho de 1970) foi um artista multidisciplinar português que se dedicou fundamentalmente às artes plásticas(desenhopintura, etc.) e à escrita (romancepoesiaensaiodramaturgia), ocupando uma posição central na primeira geração de modernistas portugueses.
Almada Negreiros é uma figura ímpar no panorama artístico português do século XX.








Amadeo de Souza-Cardoso - (Manhufe, freguesia de Mancelos, Amarante, 14 de Novembro de 1887 – Espinho, 25 de Outubro de 1918) foi um pintor português.
Pertencente à primeira geração de pintores modernistas portugueses , Amadeo de Souza-Cardoso destaca-se entre todos eles pela qualidade excepcional da sua obra e pelo diálogo que estabeleceu com as vanguardas históricas do início do século XX. "O artista desenvolveu, entre Paris e Manhufe, a mais séria possibilidade de arte moderna em Portugal num diálogo internacional, intenso mas pouco conhecido, com os artistas do seu tempo". A sua pintura articula-se de modo aberto com movimentos como o cubismo o futurismo ou o expressionismo, atingindo em muitos momentos – e de modo sustentado na produção dos últimos anos –, um nível em tudo equiparável à produção de topo da arte internacional sua contemporânea.












Guilherme Augusto Cau da Costa de Santa Rita ou Guilherme de Santa-Rita, mais tarde passaria a chamar-se apenas, Santa-Rita Pintor (Lisboa, 31 de Outubro de 1889 — Lisboa, 29 de Maio de 1918) foi um pintor português.
Figura mítica da primeira geração de pintores modernistas portugueses  , a sua obra permanece em grande parte envolta em mistério. Nunca expôs em Portugal, mas esteve vários anos em Paris garantindo, com Amadeo de Souza-Cardoso, a primeira ligação efetiva às vanguardas históricas do início do século XX; e foi o mais ativo impulsionador do breve movimento futurista português. Morreu prematuramente, antes mesmo de completar 29 anos de idade, vitimado por tuberculose pulmonar 4 , deixando ordem expressa para que todos os seus trabalhos fossem destruídos; da sua obra da maturidade resta uma única pintura e um conjunto de reproduções rudimentares, a preto e branco, nas revistas Orpheu(1915) e Portugal Futurista (1917).










  •  Biografia  de Fernando pessoa

Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa, 13 de Junho de 1888 — Lisboa, 30 de Novembro de 1935), mais conhecido como Fernando Pessoa, foi um poeta, filósofo e escritor português.
Fernando Pessoa é o mais universal poeta português. Por ter sido educado na África do Sul, numa escola católica irlandesa, chegou a ter maior familiaridade com o idioma inglês do que com o português ao escrever seus primeiros poemas nesse idioma. O crítico literário Harold Bloom considerou Pessoa como "Whitmanrenascido", e o incluiu no seu cânone entre os 26 melhores escritores da civilização ocidental, não apenas da literatura portuguesa mas também da inglesa.


  • Obra poética: 
Autopsicografia


O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente.



E os que lêem o que escreve,

Na dor lida sentem bem,

Não as duas que ele teve,

Mas só a que eles não têm.



E assim nas calhas de roda

Gira, a entreter a razão,

Esse comboio de corda

Que se chama coração.















  • Bibliografia de Fernando pessoa : 

Obras de Fernando Pessoa

· Do Livro do Desassossego
· Ficções do interlúdio: para além do outro oceano
· Na Floresta do Alheamento
· O Banqueiro Anarquista
· O Marinheiro
· Por ele mesmo

Poesias de Fernando Pessoa

· A barca
· Aniversário
· Autopsicografia
· À Emissora Nacional
· Amei-te e por te amar...
· Antônio de Oliveira Salazar
· Autopsicografia
· Elegia na Sombra
· Isto
· Liberdade
· Mar português
· Mensagem
· Natal
· O Eu profundo e os outros Eus
· O cancioneiro
· O Menino da Sua Mãe
· O pastor amoroso
· Poema Pial
· Poema em linha reta
· Poemas Traduzidos 
· Poemas de Ricardo Reis
· Poesias Inéditas 
· Poemas para Lili
· Poemas de Alvaro de Campos
· Presságio
· Primeiro Fausto
· Quadras ao gosto popular
· Ser grande
· Solenemente
· Todas as cartas de amor...
· Vendaval

Prosas de Fernando Pessoa

· Pessoa e o Fado: Um Depoimento de 1929
· Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação
· Páginas de Estética e de Teoria e de Crítica Literárias








  •  Gênese dos heterônimos “carta de Fernando Pessoa a Adalfo casais Monteiro”

Os heterônimos de Fernando Pessoa: 



- Álvaro de Campos
Era um engenheiro português de educação inglesa. Influenciado pelo simbolismo e futurismo, apresentava um certo niilismo em suas obras. 
- Ricardo Reis
Era um médico que escrevia suas obras com simetria e harmonia. O bucolismo estava presente em suas poesias. Era um defensor da monarquia e demonstrava grande interesse pela cultura latina.
- Alberto Caeiro
Com uma formação educacional simples (apenas o primário), este heterónimo fazia poesias de forma simples, direta e concreta. Suas obras estão reunidas em Poemas Completos de Alberto Caeiro.









Pessoa ortônimo: características da poética do ortônimo


Características da poesia de Pessoa ortônimo



A nível do conteúdo:
  • Despersonalização do poeta fingidor que fala e que se identifica com a própria criação poética;
  • Construção da arte pelo recurso à ironia que põe tudo em causa, inclusive a sinceridade;
  • Intelectualização dos sentimentos pela elaboração da arte;
  • Tradução dos sentimentos na linguagem do leitor, pois o que se sente é incomunicável;
  • Drama da personalidade;
  • Intersecionismo entre o material e o sonho, a idealidade e a realidade como tentativa para encontrar a unidade entre a experiência sensível e a inteligência.

A nível estético- estilístico:
  • Versos geralmente curtos;
  • Muitas vezes, versos
  • Predomínio da quadra e da quadrilha;
  • Preocupação com a expressividade;
  • Musicalidade, ritmo e rima;
  • Antíteses, paralelismos, comparações, metáforas, trocadilhos, paradoxos...;
  • Uso frequente do Presente do Indicativo;
  • Presença de frases nominais;
  • Uso de símbolos;
  • entre outras...


Análise de dois poemas:





Não sei, ama....



E o jardim tinha flores
De que não me sei lembrar...
N ão sei, ama, onde era,
 Flores de tantas cores... 
Penso e fico a chorar... 
(Filha, os sonhos são dores...).
Nunca o saberei...
Sei que era Primavera
 Qualquer dia viria
E o jardim do rei... 
Qualquer coisa a fazer
(Filha, quem o soubera!...). 
Toda aquela alegria
 Mais alegria nascer
Que azul tão azul tinha
 (Filha, o resto é morrer...).
Ali o azul do céu!
Se eu não era a rainha, 
Conta-me contos, ama..
Porque era tudo meu? 
Todos os contos são
(Filha, quem o adivinha?).
Esse dia, e jardim e a dama 
Que eu fui nessa solidão..
ha?). Esse dia, e jardim e a dama Que eu fui nessa solidão...


Análise: 


  • Temáticas : Dor de pensar (‘’penso e fico a chorar’’) e Nostalgia da infância perdida ; 
  • Narrativa de um sonho , expressa num dialogo entre o sujeito poético e a ‘ama’; 
  • Tempo : Primavera 
  • Espaço : ‘jardim do rei’ que ‘’azul tão azul tinha’’ com ‘’flores de tantas cores...’’
  • Personagens : o sujeito poético como rainha no seu sonho
  • Transfiguração: do sonho para o real criado pelo desejo de fugir
  • Formalmente: 4 quintilhas e uma quadra; Rima cruzada, e uso de versos soltos ( parentéticos);
  • Redondilha o intercalada com versos  hexassilábicos.




Tabacaria

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo.
que ninguém sabe quem é
( E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes
e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.